No dia 7 de setembro de 1822 Dom Pedro I declarava as margens do Rio Ipiranga a Independência do Brasil. Em homenagem a este dia lindo hoje o ARK Blog faz um resumão da história da arquitetura brasileira. Repito é um resumão então sempre vai ter alguma coisa de fora.
A nossa arquitetura inicia antes de Cabral pisar em terras tupiniquins. Foram as aldeias indígenas nossas primeiras obras arquitetônicas. As ocas e as vilas eram o início da civilização local. As vilas já eram organizadas e as ocas dividiam as famílias mas não só pai mãe e filho. Os primos, avós e afins também conviviam na mesma oca. As ocas normalmente rodeavam a "praça" onde todos os índios se encontravam para realizar seus rituais e encontros.
Aldeia Kuikuro
Oca Kuikuro
Durante os séculos XVI e XVII a arquitetura brasileira foi resultado das necessidadaes. As invasões extrangeiras aconteciam constantememente e para garantir a proteção do território vários fortes foram erguidos pelo Brasil. Os fortes possuíam uma arquitetura rígida como sua função exigia. Sempre respeitando a origem radial alguns apresentavam formas arredondadas e outras estrelares garantindo a visualização total do entorno.
Com a chegada dos Portugueses toda a sua tradição e cultura vieram na bagagem. A religião portuguesa era o catolicismo e junto da monarquia padres, bispos e arcebispos vieram para o Brasil para catequizar os indígenas que eram chamados de selvagens. Para os religiosos a mão-de-obra escrava ergueu diversas igrejas como forma de marcar território. As primeiras Igrejas brasileiras traziam a arquitetura colonial com suas cores brancas e linhas amarelas ou azuis. Aberturas bem vertizalizadas marcam as fachadas e simetria era a palavra de ordem. Ao fim do século XVII o barroco aterrisa no Brasdil com força. E é este estilo que decora o interior do mosteiro de São Bento no Rio de Janeiro. O mosteiro marca bem esta fase com fachada colonial e interior barroco.
Forte de São Marcelo - Salvador (BA)
Fortaleza de Santa Cruz - RJ (RJ)
Mosteiro de São Bento - RJ (RJ)
Mosteiro de São Bento - RJ (RJ)
Igreja Nossa Senhora Da Graça - Olinda (PE)
O século XVIII traz o Barroco e o Rococó com muita força, mesmo atrasado com relação ao barroco europeu. Os primeiros a apresentar este estilo no Brasil foram os centros de Salvador e São Paulo mas foi em Minas Gerais que ele ganhou o mundo. Nas fachadas a grande mudança foram os detalhes. Utilizado principalmente na arquitetura religiosa as fachadas brancas com linhas coloridas permaneceram porém agora recebem adornos em madeira e frontões rebuscados. É no interior das edificações religiosas que o Barroco e o Rococó são explorados ao nível máximo. Tudo é decorado. Cada pedaço da parede recebe um adorno, uma escultura, uma pintura. Característico da época o ouro reveste paredes reforçando o poder religioso. Aleijadinho em Minas Gerais explode no barroco com suas esculturas repletas de sentimento.
Interior por Aleijadinho - MG
Igreja São Francisco de Assis , Aleijadinho - Ouro Preto (MG)
O Século XIX foi marcado por 4 estilos arquitetônicos: Neoclássico, Romantismo, Ecletismo e Neogótico. Foram as missões francesas que trouxeram o Neclássico com força ao Brasil O estilo barroco aso poucos iam extinguindo e o as linhas básicas e a limpeza do Neoclássico ganhando força.
O Neoclássico brasileiro resgata os frontões triangulares, os pilares ritmados, as janelas sequenciais e os tons pastel.Os clássicos frontões triangulares ganham adornos herdados do barroco porém mais limpos e em um tom neutro. A estrutura é marcada e visível e para ocultar os telhados as platibandas ganham força e recebem alguns adornos também. O Neoclássico foi muito utilizado em edifícios da corte por lembrar o estilo europeu. Por isso os palácios e casas de campos dos monarcas brasileiros seguiam o estilo Neoclássico.
Museu Imperial - Petrópolis (RJ)
O Romantismo e o Ecletismo trazem consigo os primeiros tratados arquitetônicos brasileiros sobre arquitetura e engenharia. São textos que diziam como deveríam construir na época. Nas escolas de arquittura do país acadêmicos inicavam um movimento de libertação do Neoclássico. Sua forma rígida agora era orgânica e muitos elementos decorativos voltavam a aparecer nas fachadas. Com grandes pensadores brasileiros fazendo faculdade na europa ideiais franceses e italianos começavam a entrar no país e juntar-se aos franceses. O resultado foi uma mistura de estilos gerando o Ecletismo.
Um exemplo desta época é a Pinacoteca de São Paulo.
Pinacoteca do Estado de São Paulo - São Paulo (SP)
O Neogótico não teve muita força em território brasileiro. Uma das obras de maior expressão do estilo é a Catedral da Sé em São Paulo. Resgatando o Gótico europeu, o Neogótico utiliza-se de torres muito altas e finas. Simetria e muitos adornos. As cúpulas metálicas e os arcos estruturais marcam a fachada e fortalecem o estilo.
Catedral da Sé - São Paulo (SP)
O Século XX inicia com o estilo Art Déco e Art Nouveau. Dois estilos que tiveram passagem bem discreta pelo Brasil. Podemos dizer que foi o início do modernismo no país pois ele começa a retirar os adornos dos estilos anteriores e a lidar com o cotidiano tornando a arquitetura uma consequência do seu proprietário. O uso finalmente ganha importância para a realização da obra. Apesar do século XX ser marcado pela industrialização o estilo Art Déco e Art Nouveau utilizam-se de artesanatos e trabalhos específicos de criação. O estilo Art Déco é mais reto, rígido. Enquanto o Art Nouveau é floral, cheio de curvas e metais trabalhados.
Observatório Astronômico UFRGS - Porto Alegre (RS)
Palácio do Comércio - Porto Alegre (RS)
O Modernismo Brasileiro surge com Gregori Warchavchik, arquiteto russo que vem para o Brasil e tenta implementar os ideiais modernos de "menos é mais", lajes e industrialização. Digo tenta pois o projeto da casa modernista não saiu bem como o planejado. A ideia era utilizar lajes no lugar da cobertura. Mas num país tropical e em São Paulo onde chove todo dia a laje precisou ser revestida por um telhado e escondida atras de uma platibanda. As janelas imensas modernistas precisaram de toldos para bloquear a intensa entrada do sol. Enfim a intenção foi boa e mudou o panorama da arquitetura brasileira para sempre.
Casa Modernista por Gregori Warchavchik - São Paulo (SP)
Para o modernista o arquiteto precisava ligar a função a arquitetura. Mais do que vislumbrar uma edificação era preciso pensar na sua construção modificando a maneira e os materiais utilizados para a construção. Os arquitetos modernistas Le Corbusier, Frank Lloyd Wright, Walter Gropius e Mies Van Der Rohe inspiraram uma geração de arquitetos que disseminaram os ideiais modernistas pelo mundo. O modernismo tornou-se uma arquitetura internacional, única que poderia ser utilizada por todos, industrial e simples.
Lúcio Costa iniciou o forte crescimento da arquitetura moderna no país. Juntaram-se a ele Affonso Eduardo Reidy, Carlos Leão, Ernâni Vasconcelos, Jorge Moreira e Oscar Niemeyer. Le corbusier visitou o Brasil em 1929 a convite de Lúcio Costa para juntos participarem da criação do edifício do Ministério da Saúde e Educação. Corbusier propôs mudar o local do edifício que já estava comprado e mostrou uma ideia horizontal e exibiu um novo plano para a cidade do Rio de Janeiro.
Projeto Le Corbusier Rio de Janeiro - RJ
Lógico que a ideia foi longe demais e não chegou nem a ser pensada pelos governantes. Mas a presença de Corbusier ativou a força do modernismo brasileiro que teve um dos maiores ícones do modernismo mundial ao seu lado. Niemeyer e os outros começaram a incentivados pelos ideiais modernistas, criar a famosa ARQUITETURA BRASILEIRA MODERNISTA. Uma referência para mundo. Pela primeira vez arquitetos brasileiros ganhavam o mundo com a mesma força dos estrangeiros. O edifício do Ministério da Saúde e Educação foi feito sim, por Lúcio Costa e sua equipe modernista que incluia o estagário Oscar Niemeyer. O edifício é um marco por ser o primeiro edifício totalmente modernista feito no Brasil.
Croqui Edifício do Ministério da Saúde e Educação hoje - RJ
Edifício do Ministério da Saúde e Educação hoje - RJ
Neste edifício temos o uso de Brisis - Soleil nas janelas para controlar a incidência da luz solar. Lajes que tornaram-se jardins de Burle Marx e são utilizadas como áre de lazer. Panos de vidro ligando a rua ao espaço interno visualmente, Linhas simples e Pilotis na base que permitem a passagem das pessoas pela sombra do edifício e criam espaços públicos aproveitáveis.
Os preceitos modernistas enfim são: Telhado Jardim, Fachada Livre, Pilotis, Janelas em Fita e Planta Livre.
O modernismo brasileiro sem dúvida foi uma época rica em arquitetura. Há muitos outros nomes famosos deste movimento como Lina Bo Bardi, Lelé, Paulo Mendes da Rocha entre outros. Eu super indico a pesquisa!
Enfim chegamos ao pós-modernismo e a era contemporânea. Ou seja, HOJE.
Dos anos 1970 pra cá as preocupações urbanas começam a encabeçzar o cenário nacional. Carros que as ruas já não comportam mais, abandono de edificações, descaso com a natureza. No cenário atual há uma grande demanda por habitação popular e uma nova preocupação surge. A era contemporânea é marcada pela evolução do modernismo, misturamos lajes com telhados, mantemos os tons claros, a planta não é nem livre nem rigída. As fachadas são mistas e a tecnologia utilizada tranforma fachadas.
Os grandes nomes de hoje são internacionais como Zaha Hadid, Norman Foster, Daniel Libeskind, Santiago Calatrava. Viviemos uma época desconstrutivista e uma ausência de identidade na arquitetura brasileira. Nos dias de hoje a arquitetura não possui mais um significado e parece simplesmente existir. O que eu espero da arquitetura brasileira? Que voltemos a nos encontrar.
Até a Próxima
Renata Guzzatti -ARK
Ponte Estaiada São Paulo
Museu do Amanha por Santiago Calatrava - RJ
Museu do Pão por Brasil Arquitetura - Ilópolis (RS)
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